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Navegando pelo feed de notícias de uma rede social, não podemos deixar de ver repetições: as mesmas fotos, segredos, piadas, citações - tudo isso se repete de página em página. Percebe-se que o produto não é tanto o conteúdo da mensagem, mas a própria repetição. Vemos que essas repetições preenchem a vida social; elas tomam o lugar das afirmações, ou melhor, do ato de afirmação. Por exemplo, antes você escrevia seus pensamentos, ou produzia algum tipo de criatividade, mas agora a repetição vem nesse lugar. No 11º seminário, Lacan fala da repetição como um dos 4 conceitos principais da psicanálise e, claro, nós próprios encontramos isso na prática. “E o que conseguimos prestar atenção não é ao conteúdo do que se repete, mas à própria repetição, por exemplo, como função, função no sentido matemático da palavra.” Poderíamos dizer de outra forma, o conteúdo certamente está lá, ou seja, você pode contar uma piada para um amigo, mas o que se perde é a atuação. Isso é muito parecido com citar - você diz uma frase e depois se refere ao autor, o que certamente obscurece a questão da sua relação com esse conteúdo, o que se apaga é a subjetividade. Sim, você pode replicar piadas e citações, mas a dimensão do ato se perde neste caso. Assim disse Lacan: “Tudo o que dizemos permanece esquecido, por trás do que é dito, no que é ouvido”. A dimensão do desejo é apagada da vida cotidiana, tal como na lógica clássica. E o que a psicanálise oferece é aprender algo sobre esta dimensão e, como se vê, a medição não é nada trivial..

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